Pré-crime só no cinema
Por Antonio Magalhães*
Tudo começou num sussurro. É liberdade demais! E o sussurro transformou-se em palavras mais duras e fortes. Pode ameaçar nossos amigos! Até que veio o brado. Se não se submeter a nós, vamos fechá-lo! Cassar sua comunicação!
Essa é a breve história recente no Brasil do aplicativo de comunicação instantânea Telegram, concorrente do WhatsApp. O Telegram conseguiu em pouco tempo agregar alguns milhões de usuários sedentos de liberdade de expressão, escassa e controlada em outros aplicativos. E isso incomodou o establishment do Judiciário, da mídia, da esquerda e de segmentos financiadores desse esquema.
Nas últimas semanas, o Telegram recebeu ameaças diretas de fechamento do presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), ministro Luís Roberto Barroso, por não ter se submetido à cartilha da corte eleitoral que parte da suposição que o aplicativo, hoje rebelde, vai lançar fakes news na campanha eleitoral deste ano.
Por conta desse argumento de censura prévia, o que supostamente poderia ocorrer, Barroso e seu pessoal garotearam a liberdade de expressão de aplicativos consolidados das Big Techs, como Twitter, Instagram, Facebook, YouTube e Google. Já estão debaixo da toga.
O Telegram, que abriga no seu ciber espaço do presidente Bolsonaro às vozes mais conscientes da direita, ignorou as recomendações e avisos do TSE para se ajoelhar no milho, punição preventiva. Não deu bolas ao TSE. Sequer respondeu às comunicações mandadas para o exterior, uma vez que ele não tem representação local. Continuou na dele.
Barroso ficou apoplético. Que ousadia, que ousadia!, exclamou o ministro. Veio em seu socorro o Ministério Público de São Paulo que, ao invés de garantir o direito de liberdade de expressão da cidadania, aliou-se à perversa censura proposta por Barroso.
Procuradores paulistas afirmaram que o Telegram pode passar a receber medidas judiciais, no curto prazo, e até mesmo chegar a ter uma suspensão temporária determinada no Brasil. Isso pode ocorrer caso o aplicativo continue não demonstrando cooperação a respeito de um inquérito civil público, movido por esses procuradores, que visa combater a desinformação e a disseminação de informações falsas nas redes sociais.
Qual desinformação? Quais informações falsas? Os metidos procuradores não dizem porque não existem. E partir da presunção que uma dia elas venham ocorrer é coisa de cinema ou de ditadura. Eles, na verdade, se antecipam aos fatos. A verdadeira intenção é controlar as redes sociais, por onde vazam – ainda bem – os conceitos de democratas e libertários que não concordam com as propostas da esquerda.
Está aí a razão do chefe máximo dos “progressistas”, o ex-presidente Lula, vir batendo na tecla da necessidade de regular as mídias sociais, as que falam mal dele, e censurar a imprensa que o critica. Não tem mais vergonha de afirmar tal bizarrice.
O modelo de Lula é a China, uma ditadura capitalista com tinturas comunistas, que controla a mente dos cidadãos, os aplicativos de comunicação e censura jornais. Certamente vai ajudá-lo financeiramente na sua campanha, porque apoio ideológico os chineses não têm mais condições de oferecer. Vale a grana e o exemplo.
Portanto, a luta pela liberdade de expressão do aplicativo Telegram é de todos que acreditam ter o direito de falar o que quiserem, sobre o que quiserem. E se houver exageros nosso Código Penal tem leis para punir os infratores. Antevê crimes é coisa de Barroso, procuradores e Tom Cruise no filme Minority Report. Tudo para favorecer a esquerda. Esta é a saga do Telegram. É isso.
*Jornalista