Pré-candidato da Frente Popular ao Governo de Pernambuco, o deputado federal Danilo Cabral completou, ontem, 55 anos. Ao longo do dia, recebeu uma enxurrada de mensagens de felicitações e cumprimentos, ocupando também com destaque as redes sociais. O Coronel Danulo, como batizou Guilherme Uchoa, anda, entretanto, meio ressabiado com o seu entorno e já não tem motivos para comemorar a postulação estadual.
Caiu como um presente de grego. A expressão, bem popular, é usada para representar o recebimento de alguma coisa que traz prejuízo, quando se ganha algo que traz consequências danosas, uma surpresa ruim. Tem relação com a Guerra de Tróia, epopeia que teria sido travada entre os anos 1194 a 1184 a.C.
Danulo, segundo aliados de Surubim, sua terra natal, tinha assegurada a reeleição para a Câmara Federal. Iria, segundo assessores, para o seu último mandato de uma trajetória vitoriosa no curso de sua vida pública. Não guardava mais nenhuma expectativa majoritária depois de ter sido barrado, duas vezes, pelo ex-governador Eduardo Campos como candidato natural do PSB.
A primeira, nas eleições de prefeito do Recife, em 2010, Eduardo o rifou, indicando Geraldo Júlio para concorrer em seu lugar. A segunda, nas eleições para governador em 2014, quando o tirou da disputa para impor Paulo Câmara. Dois episódios que provocaram distância entre Danilo com a família Campos e que ele guarda com profundas mágoas até hoje.
Para o Governo do Estado, nas eleições deste ano, a opção número um do PSB era o ex-prefeito Geraldo Júlio. Caiu fora ao perceber que a viúva de Eduardo, Renata Andrade Lima, e o filho, João Campos, conspiravam contra ele o tempo todo. A segunda alternativa era o secretário da Casa Civil, José Neto, defendido pelo governador Paulo Câmara e pelas principais lideranças dos partidos que compõem a Frente Popular.
Mas Renata e João também vetaram seu nome. Sobrou para Danulo, o "Cavalo de Tróia", o presente de grego como candidato "regra três". Outra questão, essa de ordem pessoal, o afastava de projetos majoritários. Ele sofre de problemas cardíacos. Passou por cirurgia e internamentos, inclusive.
As recomendações médicas eram no sentido dele evitar sintomas de estresses, que certamente ocorrem numa campanha eleitoral acirrada. Foi orientado a dedicar-se mais à família ao fim dos próximos quatro anos como deputado federal reeleito, desfrutando ainda de sua aposentadoria funcional garantida e bem remunerada como auditor concursado do Tribunal de Contas do Estado.
Apesar de todas essas circunstâncias desfavoráveis, Danulo caiu no encanto de ser o candidato a governador do PSB e da Frente Popular. Passada a euforia dos dois meses desde que foi anunciado oficialmente, o coronel exportado de Surubim já dá sinais de insegurança. Constata a cada dia, assim como a queda de Tróia, outro provérbio igualmente popular, embora de origem histórica desconhecida: “Quando a esmola é grande demais, o santo desconfia”.
Chapa sai dia 7 – Apesar de ter sido anunciado há dois meses, Danulo não consegue decolar nas pesquisas. Aparece entre 5% a 6% das intenções de voto. Seus companheiros de chapa também são uma incógnita devido à briga interna entre os partidos da Frente. Em encontro com a cúpula nacional do PT em Brasília, o governador Paulo Câmara, condutor do processo, acertou que os nomes para o Senado e vice serão anunciados no próximo dia 7, data de lançamento da candidatura de Lula ao Planalto.
André derrota o PT – Na disputa para o Senado, o PT perderá a batalha. Segundo o blog apurou, o escolhido será o deputado federal André de Paula, presidente estadual do PSD. Isso se dará não apenas para atender a Gilberto Kassab, presidente nacional da legenda, que deve apoiar Lula na corrida presidencial, mas para cumprir um velho acordo fechado entre João Campos e André. Na disputa de 2020, André acertou apoiar João com a promessa de que seria indicado em 2022 candidato ao Senado com apoio do PSB.
Recurso à cassação – O presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), recorreu ao Supremo Tribunal Federal para que o Poder Legislativo tenha a palavra final nos casos de cassação de congressistas em julgamentos da Corte. O pedido veio no mesmo dia em que o Supremo condenou o deputado federal Daniel Silveira (PTB-RJ) por declarações contra ministros da Corte. A pena foi fixada em 8 anos e 9 meses de prisão, em regime inicial fechado, mas ele ainda não foi preso porque cabe recurso ao próprio STF. O Tribunal também impôs multa de R$ 192,5 mil ao deputado.
Covarde – A advogada Paola da Silva Daniel, mulher do deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), usou, ontem, as redes sociais para defender o marido e também atacar o presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Paola disse que Silveira “não é criminoso para ter pena estipulada”. “Ele não cometeu crime algum e posso garantir que ele não está assustado. Está ainda mais decidido a despertar pessoas para o que poderemos enfrentar“, afirmou, adiantando: "Arthur Lira é um covarde".
Marcha de prefeitos – Prefeitos de todo País invadem Brasília na próxima semana para reforçar o quórum da XXIII Marcha em Defesa dos Municípios. Na agenda, a promulgação da Proposta de Emenda à Constituição que isenta de punição os gestores que não conseguiram investir o mínimo constitucional em educação - 25% da receita via impostos - nos anos de 2020 e 2021, devido à pandemia. Está marcada para a próxima quarta-feira, em sessão solene do Congresso Nacional. Trata-se de um pleito da CNM apresentado pelo senador Marcos Rogério (PL-RO).
CURTAS
QUÓRUM ALTO – Com o tema Município: o caminho para um Brasil melhor, a nova Marcha dos Prefeitos já tem confirmada a presença de seis mil inscritos. A abertura oficial da Marcha será na próxima terça-feira, no Centro de Convenções, com a participação de autoridades dos três Poderes.
MULHERES – O Movimento Mulheres Municipalistas (MMM) irá comemorar cinco anos de existência durante a XXIII Marcha. Para marcar a data, a Marcha promoverá uma programação especial reunindo mulheres gestoras. Eleitas em 2020, as novas gestoras irão participar da Marcha pela primeira vez, assim como das atividades do evento.
Perguntar não ofende: Qual vai ser a nova aventura turística do infante prefeito-viajante João Campos?