Os sedãs médios, como Corolla, Civic ou Cruze, perderam o glamour dos anos 80 e hoje representam apenas uns 3% das vendas gerais de 0km. Bem, e quanto aos usados? A Mobiauto, startup do segmento automotivo e um dos três maiores marketplaces de usados do país, produziu um do segmento. Oito veículos foram analisados, nas mais variadas versões, nos anos 2021, 2020 e 2019, em um total de 51 automóveis pesquisados.
Eles continuam valorizados - e esse bom negócio não é feito apenas de Toyota Corolla. É feito com ele, certamente, mas não é o único. O comportamento que se espera de um campeão de vendas como 0km (41.891 unidades vendidas em 2021, mais do que o dobro do segundo colocado, o Honda Civic, com 18.949 unidades) se repete na condição de seminovo: ele colocou uma versão como campeã da valorização dos seminovos de 2021 e 2020, e ficou na vice-liderança de 2019.
A pesquisa levou em consideração somente modelos com volume expressivo de anúncios de seminovos na plataforma da Mobiauto,
comparando os preços desses carros no 1º trimestre de 2021 versus o 1º trimestre deste ano. No caso dos modelos 2021, o Corolla reina praticamente sozinho. Dos seis modelos pesquisados, cinco são versões do sedã campeão de vendas e somente uma versão do Honda Civic integra a lista. Na média, esses sedãs valorizaram 15,63%, com a versão 2.0 Altis da Toyota despontando como campeã (21,73% de alta no período).
Ano a ano - Quando a pesquisa seleciona somente os modelos 2020, com 18 modelos investigados (versões de Corolla, Civic, Nissan Sentra, Chevrolet Cruze, VW Jetta e Kia Cerato), a média de
valorização do segmento é de 11,27%. Novamente o Corolla repete a performance e brilha com a versão GLI na liderança: 15,35% de ganho em um ano.
Mas tudo muda nos modelos 2019. Em um total de 27 veículos pesquisados (além dos modelos já mencionados, entra o Citroën C4 Lounge no levantamento) e média de valorização de 14,91%, o Corolla mais valorizado aparece numa discreta quinta posição. O surpreendente campeão é exatamente o Citroën C4 Lounge Live 1.6 THP, que apreciou 21,67% (vice-campeão geral do levantamento), tendo três versões do Cruze entre a 2ª e a 4ª posições no ranking. E é justamente por
essa ótima presença no pódio da pesquisa que o Chevrolet Cruze aparece na liderança na média ponderada de todas as versões de cada ano.
“Vale destacar o resultado do Citroën C4 Lounge Live 2019, que valorizou 21,67%, e expressa um outro ângulo de análise do mercado: o custo/benefício. Explico: ele é um sedã com motor turbo, espaçoso e luxuoso, de 3 anos de uso, que custa hoje R$ 76,4 mil, é o modelo mais acessível de sua categoria! Apesar de ser um carro fora de linha, a procura por ele aumentou muito devido ao preço acessível, e isso promoveu essa supervalorização”, comenta o consultor automotivo Sant Clair Castro Jr., CEO da Mobiauto.
Ao analisar o “top ten”, o executivo da startup destaca a mescla de modelos, incluindo sete carros diferentes, o que configura a fidelidade de parte do mercado ao segmento como um todo. “Claro que a multiplicidade de versões e os resultados positivos do Toyota Corolla desequilibram essa disputa e o transformam no grande sedã do mercado nacional. Mas ver a presença de dois modelos fora de linha entre os dez mais valorizados, por exemplo, como é o caso do próprio C4 Lounge e do Mitsubishi Lancer, realça a procura por todos os modelos desse segmento de mercado”, finaliza Castro Jr.
Outro ponto mencionado por Sant Clair Castro Jr. diz respeito à valorização média dos anos. “Estamos vivendo um período de falta de modelos novos, o que impulsiona imediatamente as cotações dos modelos 2021. Eles acabam substituindo a compra do carro zero km e é normal que tenham alta valorização (15,63%)”, diz ele.
O curioso, segundo Sant Clair, é verificar que as versões 2019 ganharam mais preço (14,91%) do que as de 2020 (11,27%). A única explicação que encontro pra isso é que os modelos mais velhos já começam a coincidir com os carros zero km mais baratos do mercado. “E é aqui que o cliente faz a conta: ‘compro um Fiat Mobi ou um Honda Civic 2019 pelo mesmo preço?’ Deve ser isso que deu esse ganho percentual aos modelos com três anos de uso”, explica.
Equinox: renovado e mais seguro - A General Motors acaba de anunciar a vinda do SUV Equinox, que é importado do México. São duas versões: a Premier, mais sofisticada e com tração integral, e a RS, com ‘apelo esportivo’ no visual. Sua meta é desafiar modelos como o Jeep Compass e o Toyota Corolla Cross. Para tanto, aposta no bom pacote de segurança, adotando alerta de colisão frontal com sistema de frenagem automática de emergência, assistente de manutenção em faixa e alerta de tráfego traseiro. Em relação ao conforto, oferece agora abertura e fechamento do porta-malas eletricamente e sem as mãos e sistema de som premium da Bose. Os preços não foram divulgados. O SUV ganhou dianteira inspirada no Trailblazer norte-americano, com faróis divididos por um filete cromado da nova grade frontal - sendo o principal na parte inferior e a DRL em LED acima. A RS ganhou grade frontal preta em colmeia e o vermelho Ruby - exclusivo da versão.
Por dentro - A central multimídia MyLink com tela de 8’’ agora traz os aplicativos Spotify e a assistente virtual Alexa integrados. O espelhamento de smartphone via Apple CarPlay e Android Auto dispensa o uso de cabos. O wi-fi nativo gratuito por 1 ano, claro, está lá - com sinal até 12 vezes mais estável do que um aparelho de celular comum. Na Premier, os bancos são elétricos com duas memórias. Os apliques decorativos do painel e das portas dianteiras são em LED. A chave de partida liga o carro remotamente. Nesta versão, se destacam ainda as rodas aro 19 com acabamento diamantado em dois tons, o teto solar elétrico panorâmico e os faróis tipo projetor em LED. As entregas começam a partir de meados de junho em toda rede de concessionárias.
Outros detalhes - O Equinox tem boas dimensões: são 4.652 mm de comprimento, 2.725 mm de entre-eixos, 2.105 mm de largura e 1.843 mm de altura. O porta-malas comporta 468 litros, podendo chegar a 1.627 litros com os bancos rebatidos. O SUV vem com motor 1.5 turbo com injeção direta de gasolina e transmissão automática com opção de troca manual de marchas. São 172cv e 27,8kgfm de força. Na versão RS, a aceleração de 0 a 100 km/h pode ser feita em 9,2 segundos. O modelo, versão RS, faz, segundo dados do Inmetro, 11,5 km/l na estrada e 9,3 km/l na cidade (com gasolina). O baixo peso (1.561 kg), considerando o tamanho do veículo, ajuda.
Nova Montana só chega em 2023 - E por falar em General Motors, vale lembrar: a marca confirmou que a nova Montana chega às concessionárias Chevrolet do país em 2023 - mesmo que seu desenvolvimento esteja em ritmo acelerado. Uma websérie (os vídeos estão disponíveis na página da GM no LinkedIn) já compartilha as fases finais do desenvolvimento do modelo.
Os 50 anos do 1º elétrico da BMW - O ano era 1972 e os Jogos Olímpicos de Munique, na Alemanha, estavam prestes a começar. Antecipando a crise do petróleo, que estourou em 1973, e para comemorar a realização da competição, a BMW lançou o 1602. Derivado diretamente dos modelos convencionais, o modelo se destacava por um detalhe: a motorização elétrica. Sim, um veículo 100% elétrico, desenvolvido e produzido há 50 anos. Responsáveis por desenvolver o modelo, os engenheiros que criaram o 1602 não faziam ideia de que aquele carro seria o pai de veículos elétricos. Chamado de Elektro-antrieb, que em tradução livre significa acionamento elétrico, o 1602 laranja brilhante utilizava os recursos mais avançados da sua época. Embaixo do capô, 12 baterias padrão de chumbo-ácido, pesavam 350 quilos e eram as responsáveis por fornecer energia para acionar o motor elétrico de 32kW de potência (o equivalente a 43 cavalos). O BMW 1602 era equipado com um inovador sistema de freios regenerativo, que gerava eletricidade com a força das frenagens. O modelo está no acervo e eventualmente é incorporado a exposições no BMW Museum, na cidade de Munique, Alemanha, em plenas condições de funcionamento.
O Fiorino da Peugeot - Agora controlada pela multiglobal Stellantis, a Peugeot acaba de apresentar o furgão Peugeot Partner Rapid. Ele é produzido em Betim (MG) e usa o motor 1.4 Fire com 86cv e 12,2kgfm de torque. Ambas as versões têm o básico para um produto acima dos R$ 100 mil: a Business, por exemplo, tem preço sugerido de R$ 101.390 e vem com controles de tração e estabilidade, computador de bordo, faróis de neblina com luzes diurnas, iluminação na área de carga e assistente de partida em rampas. A Pack chega aos R$ 106.090 e inclui alarme, ar-condicionado, chave-canivete com comandos, direção hidráulica, travas elétricas, vidros elétricos e volante com regulagem de altura.
Mercado eletrificado - O comércio de carros elétricos e híbridos teve, novamente, um bom crescimento, segundo dados Associação Brasileira de Veículos Elétricos: 78% no acumulado do primeiro quadrimestre de 2022, ante ao mesmo período do ano passado. Vale lembrar: o mercado normal, a combustão, caiu 23% nos quatro primeiros meses do ano. Ao longo deste ano, foram 12.976 emplacamentos.
Venda digital - Os donos de veículos dos estados de Mato Grosso e de Sergipe já podem vender os seus veículos por meio do aplicativo Carteira Digital de Trânsito (CDT). A transação é 100% digital e ocorre entre pessoas físicas pela assinatura digital do gov.br e biometria facial, sem necessidade de reconhecer firma ou contrato em papel. Assim, já chega a dez o número de unidades da Federação que oferecem a funcionalidade para os donos de veículos. Os outros são: Acre, Ceará, Mato Grosso do Sul, Paraná, Rio Grande do Sul, Pernambuco, Rio Grande do Norte e Roraima. Com a venda digital, a assinatura da Autorização para Transferência de Propriedade de Veículos (ATPV-e) ocorre por meio do aplicativo CDT, disponível nas plataformas App Store e Google Play, após autorização do Detran de registro do veículo. Concluída a transação, o automóvel precisa passar pela vistoria da autoridade local de trânsito. A funcionalidade está disponível para proprietários e futuros proprietários de veículos com documentos emitidos a partir de 4 de janeiro de 2021, data em que o antigo Documento Único de Transferência (DUT) foi substituído pela versão digital, a ATPV-e.
Produção de motos cai - A Abraciclo, associação das fabricantes de motocicletas no Brasil, divulgou que a produção em abril foi de 112,6 mil unidades - uma queda de 17,4%, na comparação com março (136,4 mil). Em comparação com março de 2021, a queda foi de 7,8%.
Celular no trânsito - A Associação Brasileira de Medicina do Tráfego (Abramet) divulgou um estudo mostrando que, a cada uma hora, são registradas 28 infrações de trânsito por uso de celular no país. Isso equivale a 675 pessoas multadas por dia. Em todo o ano passado, foram 246.438 infrações. Os números, creio, estão subdimensionados, dada a quantidade de motoristas que se vê no dia a dia dirigindo e pendurados no telefone. A Abramet também tem essa percepção, mas ressalta que os dados refletem parte de um problema que deve ser enfrentado por todos. “Isso nos leva a reforçar a necessidade de maior conscientização e engajamento da sociedade para que possamos reduzir os sinistros e preservar vidas no trânsito", afirma Antonio Meira Júnior, presidente da Abramet. A instituição reforça que dirigir exige do condutor atenção totalmente dedicada ao trânsito e que o uso de smartphone já é a terceira causa de mortes no trânsito no país, ficando atrás apenas do uso de álcool e do excesso de velocidade.
CNH sem autoescola? - Vocês já pensaram, caros leitores, sobre a possibilidade de se ter a Carteira Nacional de Habilitação sem obrigatoriedade das aulas teóricas e práticas? Pois bem: o Projeto de Lei 6.485/2019, da senadora Kátia Abreu (PDT-TO), pode oficializar isso. Ela justifica que essas aulas, teóricas e práticas, aumentam o custo da CNH. Essa proposta só serviria para as categorias A e B (moto e carros de passeio). E já começa a tramitar nas comissões do Senado (primeiramente, na Comissão de Constituição e Justiça). Kátia Abreu também propõe que parte das receitas geradas pelas multas de trânsito seja destinada ao custeio da primeira CNH da população carente.
*Renato Ferraz, ex-Correio Braziliense, tem especialidade em jornalismo automobilístico.